quinta-feira, 9 de abril de 2009

E TINHA UM GAROTO QUE CUIDAVA DE UMA MERCEIARIA...


Havia um garoto que entre seus 12 e 17 anos trabalhou  como balconista de um bar e mercearia em um bairro da periferia de Londrina. O estabelecimento ficava na principal avenida da região, mas numa parte menos "nobre". Ele trabalhava durante o dia e estudava á noite, e foi assim até terminar o primeiro grau. Quando passou a cursar o segundo grau teve que ir pra um colégio um tanto longe de casa, o reconhecido Marcelino Champagnat, onde fazia o propedêutico durante a manhã e trabalhava durante a tarde e noite.
Embora fosse trabalhoso e nunca desse tempo pra sair e se divertir com os amigos ele sempre encontrava um meio de passar o tempo de forma agradável, afinal era um saco ficar confinado naquele pequeno comércio durante quase todo o dia, de domingo a domingo. Na escola era um aluno aplicado, não gostava do termo "nerd" mas era o que melhor se aplicava. Gostava de desenhar, coisa que fazia muito bem. Era sempre um dos melhore alunos da sala, e toda vez que havia trabalho para ser feito em grupo era um dos primeiros a ser chamado, não que fosse popular, isso ele não era, mas devido ao talento para o desenho (e pra outras tarefas) todos "encostavam" nele para ficar com melhores notas. 
Mas voltando à mercearia: a rotina desse tipo de estabelecimento ás vezes é movimentada, principalmente no final da tarde quando os clientes estão chegando dos seus trabalhos, mas durante o dia é calmo até demais. Em momentos em que não havia clientes o jeito era usar o papel de embrulhar pão (alguém ainda lembra quando era assim ?) para desenhar. E era desenho atrás de desenho. Perdeu as contas de quantos esboços fez com o paupérrimo material. O tempo foi passando e até os melhores entretenimentos acabam cansando. O desenho já estava ficando chato e precisava inventar algo melhor pra fazer nas horas mais ociosas. Eram tempos difíceis (ainda não são ?) e quase nunca ganhava presentes nos natais. Lembra até hoje da promessa que a mãe fizera quando ainda estava no primeiro ano do primário, que, caso fosse um bom aluno e passasse de ano ganharia sua bicicleta. Não só passou de ano durante todos os anos em que esteve na escola como, da 1. a 8. série era sempre o primeiro aluno da sala, mas a bicilceta nunca veio. Só chegou depois de muita insistêcia quando já estava no segundo ano do colegial, mas enfim, nem bicicleta nem brinquedo era algo comum para ele. Então munido de tempo e um certo talento resolveu ele mesmo fazer seus brinquedos. Juntou pequenas caixas de papel (creme dental, fósforos, perfume, são em pó...) e começou a recortar, modelar e colar o material a ponto de dar forma a vários objetos curiosos. Montava carrinhos, robôs, naves...Era  década de 80 e havia uma infinidade de desenhos e programas de TV com seus veículos invocados e similares caros nas lojas. Nada diss foi problema pro jovem projetista, era só dar uma boa observada, memorizar os principais detalhes, desenhar e reproduzir em 3D. Não ficava lá muito acabado mas até que dava pro gasto. Alguns desses objetos ele guarda até hoje, outros teve a infelicidade de ter na sua mãe alguém sem sensibilidade pra entender o quão era importante aquele trabalho, e sem pestanejar jogou fora tudo que teve oportunidade (infelizmente faz isso até hoje...). 
Aquele garoto cresceu e agora sou eu, e pra mostrar que havia certo talento naquele guri é só reparar na imagem que abre esse artigo. Fiz em 1987, logo que saí do cinema  numa sessão de Robocop no Cine Vila Rica(tinha 13 anos e a censura era de 14...). Como disse, não é um artigo muito bem acabado mas é um objeto que respeita muito bem as formas e proporção. 
Ainda hoje trabalho mais ou menos com o mesmo raciocício, desenvolvo produtos de design pensando não só no quanto ele pode ser legal, mas no fazer para não ter que comprar feito por outro. Aprendi que o nosso sempre tem um valor maior, é especial e dá satisfação ver quando outras pessoas gostam de um trabalho que foi feito pelas nossas mão e saiu da nossa cachola. Sou feliz e plenamente realizado com isso. No final das contas acho que tenho muito que agradecer à minha mãe. É isso.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Confusões de blogs....


Com tantos recursos tecnológicos fica fácil nos perdermos em nossos próprios apontamentos. Como desenvolver e administrar um blog é coisa séria eis-me aqui corrigindo (ao menos remediando) um pequeno vacilo. 
É claro que todos perceberam que não houve postagem por aqui durante um bom tempo. A explicação é que nem me lembrava desse blog, e fiz outro (que tbm comecei a levar a sério apenas recentemente), então solicito encarecidamente que, caso deem com a "cara na porta" por aqui é só ir para o meu "blog de verdade". É só seguir esse ou entrar em :  regisdesigner.blogspot.com.
É isso.